quarta-feira, maio 01, 2013


Eu também já postei a referida no texto, com o titulo " Envelhecer".
Um desabafo...
Aí mora o medo!!


REFLEXÕES
(Neyza Dantas)


Há algum tempo registrei no meu BLOG, o que alguém escreveu: - Envelheci, e daí?
Como me identifiquei com tal pessoa! Mas, li em algum lugar, o que outra pessoa escreveu com muita sabedoria: “Ninguém quer ficar velho, mas também não quer morrer jovem.” Percebe?
No ano de 2011, ninguém acreditava quando eu dizia, respondendo ao preencherem formulários para isto ou aquilo, que eu estava com setenta e cinco anos.
Na verdade, até mesmo eu me espantava ao ver minha imagem em fotos ou no espelho.
Uma amiga gostava de mostrar minhas mãos, para admirarem por estarem lisas e sem aquelas “ferrugens” que denunciam o envelhecer. Nem uma pintinha marrom.
Colocavam em dúvida quando olhavam meus cabelos que nunca viram tintura.
E eu pensava: afinal, a velhice não é um bicho de sete cabeças. Aceitava minha idade tranquilamente. Até ali!
Hoje, estou chegando aos setenta e sete.
O ano de 2012 veio com tudo. Nada de bom!
Neste momento, recordando tudo que vivi desde o início do ano passado, me vejo na urgência de mudar meus conceitos sobre a idade. Nada de bom! Acontece e daí? É natural!
Quem chegou primeiro foi o medo. É um fenômeno dubitativo: o medo da morte me vem associado à asfixia. Sempre pedindo a Deus que quando for a hora, me poupe de morrer em situações onde me falte o ar. Por outro lado, me vem o medo de ficar anos e anos totalmente dependente de outrem para tudo. Zeus!
Este ano está sendo pior. É desanimador.
Sou semi-dependente entre quatro paredes. Já sofri dois infartos e não posso ir a lugar nenhum sozinha. Aí sou dependente. Pode crer!
Me apareceram doenças que só existiam para os outros: catarata, tireoidismo e qualquer coisa a investigar no coração.
E o pior de tudo é às vezes, desejar ir a algum lugar, dependendo da hora em que alguém pode sair comigo. Quase sempre a disponibilidade delas não coincide com o que eu quero. Passear, dançar, festas? Nem pensar! E aí?
É claro que, se eu pedir, elas ajeitam, mas me incomoda vê-las alterando seus planos para não me contrariarem. É de doer! Só!!!
Fica para depois, já é uma constante na minha vida. O aqui e o agora, já eram. Quer mais? Tudo tenho que anotar. Ah! Esqueci! E agora? (risos). Deixar cair as coisas é comigo mesmo. Fazer o que?
E não acreditarem em mim quando digo: tenho certeza! Essa é de morte! Indignidade! Arre!!!
Não sei exatamente quando foi que me quebrei em pedaços, igual um vaso de porcelana. Já que é impossível juntá-los como um quebra-cabeça e refazer minha vida – a de verdade -, coloquei-os em uma caixa inviolável, bem aqui nos meus dois aposentos que digo, só de farra, que é minha casa, pois na verdade são parte da casa da Vanessa. É até possível que alguma partícula tenha se perdido e não vou querer conferir: é melhor pensar que não está fazendo falta.
Sinto muitas saudades do tempo em que saía sozinha, a favor do vento fazendo poesia em meu corpo seguro, sem me preocupar com as horas. Entrar em uma loja para comprar supérfluos para mim ou para “minhas” adoráveis crianças; ser a única dona da minha vontade; não estar gastando a paciência de alguém que me acompanha por falta de opção. E preciso assegurar a gratidão.
Prefiro não medir o tempo em que fui dona de mim, para evitar a dor de saber que não o serei nunca mais. Como boa leonina, não vou me conformar. Jamais!!!

http://neyzadantas.blogspot.com.br

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